Política de Recursos Humanos para assegurar a marca Gelados Rabugento?
AZ – Por princípio, o acesso à nossa empresa está aberto a todos os interessados. Recebemos os currículos, mas a prioridade é para os que estão mais próximos dos postos de trabalho criados para reduzir os custos com ida e volta do e para o trabalho. Mas antes de começar a fazer uma formação de um máximo de 15 dias, são integrados como estagiários remunerados.
Temos outra coisa muito boa, por exemplo, no ano passado levamos alguns trabalhadores a fazer formação e troca de experiência na Itália, uma jornada de ajuda na evolução da nossa equipe.
A partilha de conhecimento é sempre uma mais-valia, já referiram há pouco de ida a Itália. Por acaso têm contactado com outras praças-forte deste produto internacionalmente?
AZ – Temos. Temos com o Brasil, principalmente na esfera dos sabores. O Brasil é também muito forte na produção do gelado. Temos estado a ir lá ver in loco…
AM – Antes da Itália, nosso primeiro destino era a Alemanha. Lá compramos as nossas primeiras máquinas, em segunda mão na altura…
AZ – Temos uma história engraçada da época. Em certa viagem, fomos à Alemanha e ficamos num hotel. Levantei-me mais cedo e pus-me a caminhar no enorme jardim muito bonito na parte de trás da unidade, enquanto aguardava o meu sócio para tomarmos o pequeno-almoço. Aparece-me um polícia a dizer-me algo que só percebia: Dinamarca, Dinamarca… pensei comigo mesmo: está a dar-me ordem de prisão? Na verdade, estava a dizer-me: seja bem-vindo à Dinamarca. Tinha passado a linha de fronteira!!! E estava ainda dentro do espaço do hotel! (Risos).
AM – Voltando à Itália. Começamos a frequentar este país a convite do Consulado da Itália em Angola. Foi ele que levou o nosso nome fruto da nossa ação no mercado angolano. Foi assim que chegou o convite para participar da feira. Fomos uma delegação grande da área de gelados, incluindo outros produtores. De lá para cá, já respondemos a mais três convites e já fomos também por conta própria. Eles pagam sempre algum custo da nossa participação e assim segue o gelado Rabugentos.
Por fim, contam-se muitas más histórias sobre gelados e muitos de nós temos recomendações dos médicos ou nutricionistas para evitar o seu consumo.
Como é que lida com este “inimigo” em relação ao vosso principal produto de venda?
AM – Pensamos que há muito mito à volta do gelado. O único mal que podemos identificar é o açúcar. Porém, se provar o nosso gelado, há de notar que o açúcar no nosso gelado é equilibrado. Muita gente reclama que falta mais açúcar. Na verdade, não falta mais açúcar. Temos uma quantidade exata por cada litro de gelado, isso para não aumentar os níveis de açúcar em pessoas, por exemplo, com diabetes, etc.
Portanto, o nosso gelado não faz mal.
AZ – O nosso gelado não é aquele doce, doce. E é assim, há tanta coisa que faz mal à nossa saúde que não é só o gelado. Um geladinho de vez em quando, faz mal? Não faz. Vamos morrer consolados do que desconsolados… (risos).
E a terminar, algo mais que vale a pena contar-nos?
AM – Sim, voltar ao nosso início. No começo, parecia que a nossa proposta de negócio era irrealizável. Batíamos portas e o que ouvíamos não era agradável. O Rabugento naquela época era como algo pirata! Batíamos às portas e logo nos diziam: “estes piratas, o que é que querem?”…
AZ – Nós fomos os primeiros vendedores ambulantes legalizados em Angola, pelo Ministério do Comércio. Naquela altura, mesmo com toda a documentação, estacionávamos a caravana em algum lugar e vinham as autoridades implicar. Andávamos a ser corridos de todo o lado. Sofremos muito, mas sempre a batalhar. Saímos daqui, íamos para ali. Corriam-nos outra vez, ainda assim, nunca desistimos. Vontade de desistir não faltou. Hoje o Rabugento é isto.
A maior marca de gelados de Angola, quiçá de África.
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