De uma junção de dois homens com muitas coincidências nasceu a maior marca de sorvete de Angola. O gelado Rabugento. Primeira coincidência: ambos respondem pelo nome de António. Segunda: os dois começaram como empregos de outrem e, no final, coincidentemente, o destino uniu dois homens que sempre sonharam em fazer do gelado o seu negócio. Leia e saiba como tudo começou, a quantas anda o negócio, as peripécias por onde passam e os loiros alcançados pela maior marca de gelado de Angola.
Entrevista de: André Mussamo
Muito obrigado pela entrevista. Inevitavelmente, temos de começar pela forma como começou a marca Rabugento?
António Azevedo (AZ) – O rabugento já tem alguns anos de existência. Começa originariamente de um encontro entre mim e o sr. António no Bairro Popular. Eu trabalhava numa empresa que vendia produtos de confecção de gelados e daí nos termos conhecido, sendo o sr. António a comprar e certo dia em conversa, porque eu faço sempre do cliente um amigo, e verificamos que tínhamos exactamente o mesmo projecto na cabeça que era estar na área de gelado distribuindo vários quiosques por Luanda. Eu disse que gostava também de fazer a mesma coisa… A primeira vez que falamos foi ali na zona da Alameda porque eu nasci ali de frente ao bairro Operário e disse-lhe: gostava de ter, na minha antiga casa, ali onde nasci, algo a vender gelado. Então começou a nascer e crescer essa ideia. Foi assim que nos juntamos, fizemos uma sociedade e começamos a desenvolver o projecto. Claro que isso não foi assim tão fácil como parece, mas Angola já mudou muito e agora as coisas estão cada vez mais fáceis.
Começamos por mandar vir uma autocaravana. Fomos a Portugal comprar uma. Depois de termos a primeira, convidamos a empresa que nos fabricou a autocaravana a participar da FILDA à nossa custa e expor o produto dela. O representante da empresa ficou tão entusiasmado com o que viu que nos forneceu mais dois camiões de autocaravana a pagar a prestações. A seguir a isso, andamos por Angola toda a dar a conhecer a marca. Foi crescendo, devagarinho, e assim chegamos aqui.
Sobre os segredos do Rabugento, comecemos pelo nome e aqui introduzo o sr. Manuel para responder a isso, apesar de eu saber a história toda, gostaria que fosse ele a contar-vos em primeira mão…(risos).
Ok, sr. António Manuel, pode desvendar este primeiro segredo? Eu tenho certas pessoas que me chamam de rabugento, agora não sei se por algo diferente de gostar do gelado com o mesmo nome!
António Manuel (AM) – É assim. Nós, quando começamos a vender o nosso produto, havia um pouco de confusão na janela balcão porque tínhamos pouca capacidade de oferta, trabalhávamos com poucas máquinas e a espera provocava um certo tumulto entre os clientes com choques e pequenas discussões sobre quem devia ser atendido primeiro. Nós íamos acalmar, mas ainda assim a confusão continuava. E cá comigo mesmo pensava em voz alta: ‘epá, esses clientes às vezes são muito rabugentos’. Apelava à organização e ainda assim a briga persistia, apesar de que no final fazíamos o esforço de contemplar a todos.
Quando chegou o momento de dar um nome ao nosso produto, disse a mim mesmo: Vou dar o nome de rabugento ao nosso gelado…(Risos)…
Qual foi a reacção dos clientes?
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